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Do Ceará para o Mundo


DO CEARÁ PARA O MUNDO


Pesquisas desenvolvidas em Fortaleza
melhoram a qualidade de vida no Semiárido e ganham projeção internacional


Por Alicianne Gonçalves de Oliveira - Junho de 2009

Os trinta pesquisadores da Unidade de Pesquisas Clínicas & Instituto de Biomedicina (UPC&IBIMED) estudam problemas do trato gastrointestinal, com o objetivo de modificar a realidade da saúde no Semiárido brasileiro. Os estudos realizados na unidade de pesquisa criada em 1978 buscam desenvolver formas de diagnóstico precoce, tratamento e prevenção de doenças comuns nessa região do país, como a diarréia e as chamadas doenças tropicais, como a Doença de Chagas. Os pesquisadores também trabalham na perspectiva de criar vacinas e medicamentos.

A unidade nasceu da Pós-Graduação em Farmacologia, da Faculdade de Medicina, e do convênio com a Universidade de Virginia (EUA), um dos convênios mais longos na Universidade Federal. No prédio localizado no Campus do Porangabussu, da UFC, trabalham professores, estudantes e pós-graduação da instituição cearense, além de acadêmicos de outras universidades. Os estudos são divididos em quatro temáticas:

1ª temática: desenvolve pesquisa em saúde bucal e na área de infecção intestinal e desnutrição;

2ª temática: enfoque em infecção causada pela bactéria helicobacter pylori, que está associada a alta prevalência, no semiárido, de gastrite, câncer gástrico e úlcera péptica (lesão na mucosa do estômago ou duodeno, porção inicial do intestino). Nas comunidades pesquisadas em Fortaleza, 95% das crianças acima de 5 anos possuem essa bactéria;
3ª temática: estuda alterações na motilidade gastrointestinal – alterações nos movimentos realizados pelointestino na tentativa de expulsar do organismo o bolo fecal. Esses problemas estão relacionados a patologias como a Doença de Chagas;

4ª temática: estuda a mucosite – inflamação da mucosa do trato gastrointestinal, quando relacionada a infecções causadas por bactérias e protozoários, ao uso de medicamentos prescrevidos no tratamento de câncer e medicamentos considerados anti-inflamatórios não esteroidais, utilizados no tratamento de doenças como artrite.

O atual prédio da UPC&IBIMED foi inagurado há quatro anos. São 18 laboratórios, equipados continuamente. O financiamento vem de agências de fomento à pesquisa (CNPq, Finep, Funcap) e de convênios com outras instituições, inclusive do exterior, como o Ministério da Saúde Americano. A Universidade Federal de Minas Gerais, a Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto e a Universidade de Pearsall, na Austrália, são alguns parceiros do grupo.

Reconhecimento nacional e internacional A unidade de pesquisas no Campus do Porangabussu está em processo de mudança. Ela vai se fundir ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Biomedicina do Semiárido Brasileiro, criado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia em novembro de 2008. É um dos cinco institutos sediados no Ceará, todos coordenados por pesquisadores da UFC. “A aprovação desse instituto é o reconhecimento de que essa linha de pesquisa importante para o Nordeste também tem importância nacional”, ressalta Aldo Ângelo Moreira Lima, coordenador desse INCT.

A unidade de pesquisas também passa a ser reconhecida nacionalmente como um instituto. Assim, receberá mais verbas para pesquisa. O CNPq já destinou cerca de R$ 5 milhões para financiar os estudos do INCT nos próximos 3 anos.

Todos os institutos são formados por uma rede de instituições e pesquisadores. No INCT de Biomedicina, existe a Rede de Caprino-Ovinocultura e Diarréia Infantil do Semi-Árido, Recodisa. Por meio dela, foram selecionados 12 municípios com população acima de 50 mil habitantes, nos estados do Ceará, Piauí, Pernambuco, Bahia e Minas Gerais. Cada cidade terá uma miniequipe, nos moldes do grupo que desenvolve a pesquisa em Fortaleza, e servirão como um sensor para os pesquisadores descobrirem a prevalência dessas doenças, definirem as causas e tentarem implementar medidas para minimizar o impacto da diarréia e da desnutrição nas populações.

A Recodisa também deve desenvolver caprinos transgênicos no Ceará. A idéia é que os animais produzam leite com lisozima e lactoferrina humanas na quantidade compatível com as presentes no leite humano. A lisozima e a lactoferrina são proteínas que agem no sistema imunológico e funcionam como antibióticos naturais. Esse novo leite poderá, por exemplo, ser usado para produzir soluções de reidratação oral, suplementos medicamentosos ou alimentares.

O grupo da UFC terá o papel de testar o leite desses animais transgênicos e dizer se essas substâncias estão presentes e se elas vão ser eficazes no combate aos microorganismos que causam infecções diarréicas nas comunidades. Também participam dessa pesquisa Universidade Estadual do Ceará (UECE), Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e Universidade da Califórnia de Davis (UC Davis).

Os pesquisadores da Universidade também fazem parte de mais um projeto internacional. A unidade de pesquisas será um dos oito centros internacionais apoiados pela Fundação Bill & Melinda Gates, criada por Bill Gates, fundador e ex-presidente da Microsoft. As outras sedes serão na Índia, África do Sul, Bangladesh, Tanzânia, Peru, Paquistão e Nepal. Serão US$ 30 milhões para financiar estudos sobre desnutrição, infecção intestinal e desenvolvimento infantil.

Fonte: Alicianne Gonçalves de Oliveira.Especialização em Jornalismo Científico UFCUFCUFC/Funcap
Seminários Temáticos em Ciências da Vida e Ambiente
Professor Marcus Vale
Junho de 2009.